O Caibalion e o Princípio de Gênero

"O Gênero está em tudo; tudo tem o seu princípio masculino e o seu princípio feminino; o gênero se manifesta em todos os planos" – O CAIBALION

Os princípios masculino e feminino estão presentes em todo o Universo. Esta afirmação reforça e corrobora, como é de se esperar, as demais Verdades expostas pelo Caibalion. Em especial podemos observar que este Princípio de Gênero é a extensão do Princípio de Polaridade: é aqui que os paradoxos se reconciliam, dando continuidade à dança da vida no Universo.

Se observarmos atentamente (e nem precisa ser tão atentamente) o mundo que nos cerca, teremos provas mais do que suficientes para constatarmos a ação e a extensão do Gênero. O Homem precisa da Mulher como a semente precisa da terra, os pólos são positivo e negativo (funcionam juntos) e até mesmo Deus precisa do Diabo (por que não?); enfim, existem inúmeros exemplos. Já do ponto de vista Iniciático (e é o que nos interessa), esta Verdade norteia qualquer operação Mágicka.

A cultura tradicional chinesa têm a base de suas crenças alicerçadas no Princípio de Gênero. O Yang e Yin, ou princípios masculino e feminino são conhecidos mundialmente pelo seu simbolismo, um círculo dividido ao meio em uma porção negra e uma branca, e dentro de cada qual está uma parte do seu oposto - um pequeno círculo branco dentro da parte negra, e vice-versa.

No I-Ching, o oráculo chinês, as consultas oraculares são feitas levando em conta as manifestações do Qi (energia) através da interação ou casamento entre estas polaridades Yang e Yin. Ou seja, o Princípio de Gênero é o responsável pelo movimento/renovação constante do Universo, e através do I-Ching é possível medir e observar o fluxo desta movimentação.

Esoterica e magickamente falando, na Tradição Ocidental temos também o nosso simbolismo máximo da união macho/fêmea: o Hexagrama, símbolo do Macrocosmo. Na figura do Hexagrama temos basicamente a mesma idéia do símbolo oriental: são dois triângulos que se unem, formando uma figura perfeita. O triângulo superior sugere a representação do falo, força criadora representada entre os paramentos do Mago como o Bastão da Arte. O triângulo inferior figura entre os aparatos mágickos representado pelo Cálice, representando o kteis da mulher, a força que engendra e dá vida. É também o simbolismo cristão da pomba que mergulha no cálice.

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As colunas do Templo, Jakin e Boaz, são também representações destas forças. Tal como as figuras do Pai (Abba) e da Mãe (Aima), lembram o Iniciado de que o equilíbrio está no caminho do meio, entre a Severidade e a Misericórdia. Ambas procedem do Um, dividem-se para criar entre si a tensão geradora do milagre da continuidade, e se unem de novo concebendo seu fruto no Mundo Material.

Neste ponto, é possível compreender (ainda que superficialmente) a mecânica básica do Universo. Este é mais um Segredo que "O Segredo" não explica: "bombardeie sua mente inconsciente com um mesmo pensamento, e ela obedecerá", eles dizem. Mas como, por que funciona deste jeito?

Tome a mente inconsciente (receptivo) como a parte feminina, e o consciente como a masculina (impressivo/sugestivo). Quando estamos constantemente sugerindo, quando nos cercamos da mesma coisa ou idéia, estamos cultivando um casamento: é como uma mulher que recebe sempre ao mesmo homem, e dali seguramente teremos um fruto cuja procedência será conhecida.

Pense agora no contrário: quando vivemos sem metas e sem objetivos, mudamos de idéias constantemente, tratando-as com desleixo e sem consideração, como se fossem roupas das quais enjoamos... o que acontece? A resposta é curta e grossa. Estamos prostituindo nossa força criadora, fazendo com que esta se deite a cada noite com um objetivo diferente! Assim, seguindo uma Lei de simplicidade e menor esforço, a mente escolhe como fuga ou escape os pensamentos de caminho mais fácil, ou seja, os destrutivos. Afinal, destruir é sempre mais simples do que construir.

Os pensamentos, além de falarem à mente inconsciente, também falam ao Espírito. Embora exista um filtro ali (no inconsciente) para as coisas mundanas, os pensamentos constantes marcam o Espírito a ferro e fogo, e tornam-se possíveis de ser sentidos e até visíveis fisicamente. Era assim que os antigos Iniciados costumavam se reconhecer, tatuando seu magnetismo pessoal (alguns sugerem que isso fosse visível no campo áurico) com símbolos que só poderiam ser reconhecidos por seus iguais.

Assim também na Teurgia trabalhamos com valores elevados em nossos Rituais, utilizando-nos de símbolos sagrados que falam diretamente ao Espírito, numa constante busca pela comunhão com o equilíbrio.

Aqui finalizo a série sobre os Princípios Herméticos do Caibalion. Caso surjam dúvidas, não deixe de postar seus comentários.

Até mais,

Frater Amduscias

ANKH – USA – SEMB