segunda-feira, 23 de julho de 2007

O Caibalion e Princípio de Causa e Efeito

"Toda a Causa tem seu Efeito, todo Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; há muitos planos de causalidade, porém nada escapa à Lei" – O CAIBALION

Toda ação gera uma reação, isso é fato comprovado pela própria Física. O Princípio de Causa e Efeito nos fala desta Lei, que é vigente em toda escala da Criação – desde os minúsculos átomos até galáxias inteiras (Princípio de Correspondência).

De toda causa resulta um efeito, e todo efeito tem uma causa, ou seja: absolutamente tudo acontece de acordo com a Lei, não existe acaso, tudo tem sua razão de ser.

Existem vários planos de Causa e Efeito. Há planos superiores que dominam os inferiores, mas nada escapa à Lei. Para ilustrar e exemplificar, vamos utilizar a visão da Cabala sobre o chok hagemul, ou Lei do Retorno.

Para tratar das várias dimensões da realidade, a Cabala utiliza-se de uma divisão em quatro planos, que são Assiah (Mundo Funcional), Yetzirah (Mundo Formativo), Briah (Mundo Criativo), e Atziluth (Mundo das Emanações). Esta divisão nos mostra como é pequena nossa percepção da realidade em que estamos inseridos, e como a grande maioria de nós está apta a compreender conscientemente apenas os ciclos de Causa e Efeito muito próximos.

No plano de Assiah, somos capazes de utilizar a lógica para determinar aquilo que é bom ou mal para nós em menor prazo. Estamos preocupados em obter rapidamente, minimizando ao máximo o custo a ser pago de imediato – porém, sem levar em consideração quaisquer reverberações posteriores destas ações.

Em Yetzirah, lidamos com nosso tesouro interno. Esta dimensão se expressa no tempo como o somatório do nosso passado emocional. Aqui reside a nossa ética, nossa honra, nossa grandeza como seres humanos: “meus negócios são bons apenas para mim, ou todos ganham comigo?”; “Faço algo por que isso será bom para ambos os lados, ou porque quero algo em troca adiante?”. Antes queríamos ganhar sem levar em conta como; em Yetzirah a maneira como ganhamos está sendo avaliada.

Quando chegamos a Briah, começamos a lidar com o Mérito de gerações passadas. Por exemplo, hoje talvez não estivéssemos vivendo com tantos problemas em nosso Planeta (poluição, superpopulação, exploração descontrolada de recursos etc), caso nossos antepassados fossem capazes de vislumbrar o resultado dos seus atos. Briah é o lugar onde nossa história coletiva é moldada ao longo dos anos, onde a nossa ação se junta à de milhares de outros seres humanos para se condensar e retornar a nós.

No universo de Atziluth, encontramos o fazer por fazer, destituído de qualquer desejo. Poder-se-ia dizer que esta é a dimensão onde reside a Vontade, cordão que une os seres humanos ao Divino. Pouco mais pode-se explicar a respeito de Atziluth, dada à distância que estamos de compreender este plano. Faço minhas as palavras de Nilton Bonder*, em seu "A Cabala do Dinheiro": “Esta é a dimensão espiritual, cuja percepção é fugidia. Nela pescamos sem redes – quando quase conseguimos perceber, algo nos escapa”.

É nestes quatro planos que a Lei de Ação e Reação atua. Uma ação pode reverberar reações em diversos planos, e aí está o segredo de como esta Lei pode ser explorada para benefício nosso e da humanidade.

Os Sábios Hermetistas observaram esta Lei e através dela aprenderam a controlar suas ações, para que possam colher reações sempre adequadas a seus objetivos. Assim, de meros peões de um tabuleiro de xadrez tornam-se os jogadores, empregando este Princípio ao invés de serem seus instrumentos.

Procurar aquilo que faz bem a nós e ao outro, que não afeta (rouba) o mundo em que vivemos, beneficiando as gerações posteriores da humanidade como um todo, nos leva a acumular pontos positivos com o Todo.

Fazer algo pensando apenas em si é egoísmo. Se optarmos, porém, pelo inverso, fazendo algo apenas pelo outro sem que nada de bom obtenhamos, é submissão: são dois extremos (Polaridade) nocivos, onde o ideal é encontrar o Equilíbrio (Ritmo). Agindo da forma correta (Causa), estaremos espalhando boas sementes que, mais cedo ou mais tarde, se tornarão doces frutos (Efeito).

Um abraço e até mais!

Frater Amduscias

ANKH – USA – SEMB

*O texto sobre s quatro mundos é uma breve adaptação de um trecho do livro "A cabala do Dinheiro" de Nilton Bonder.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

O Caibalion e o Princípio de Ritmo

"Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação" - O CAIBALION

O Princípio de Ritmo encerra a Verdade de que em tudo se manifesta um fluxo e refluxo, um movimento de atração e repulsão, semelhante a um pêndulo. Existe uma ação e uma reação constantes, que ocorrem sempre entre os dois pólos extremos do Princípio de Polaridade, abordado anteriormente. É como um eterno ciclo que se renova, simbolizado hermeticamente pela serpente Ouroboros.

Isso acontece no Universo em todas as escalas: no Homem, nos animais, na energia e na matéria. Os Sábios compreenderam este Princípio e reconheceram sua aplicação universal, desenvolvendo métodos e fórmulas para dominar seus efeitos. Não é possível anular o Princípio ou impedir suas operações, mas é possível escapar dos seus efeitos através da compreensão desta Lei.

Imagine um pêndulo que oscila entre dois extremos: na base deste pêndulo estaria o homem comum, ignorante das Leis Universais que agem sobre ele. Sem a compreensão destas Verdades, ele é incapaz de dominá-las, e assim segue sendo apenas uma vítima da ação deste (e de outros) Princípios (Exemplo 1).

Aquele que compreende a ação do Princípio de Ritmo é capaz de diminuir consideravelmente seus efeitos nocivos, mantendo-se equilibrado (Exemplo 2), como se escalasse a corda do pêndulo. Assim, mais próximo do ponto de equilíbrio (ou centro da roda), sentirá menos a oscilação entre os extremos.

Por exemplo, sua ira nunca será suficiente para cegar o seu Amor, e tampouco seu Amor irá cegar seus olhos para aquilo que deve ser feito. Dessa forma, nunca chegará a extremos onde o Amor se tranforme em Ódio.

Muitos indivíduos chegam a atingir certo grau de Domínio sobre esta Lei de forma inconsciente, mas os grandes Hermetistas são capazes de atingir níveis inacreditáveis de firmeza e auto-domínio através da doutrinação de suas Vontades, aparentando estar fora da oscilação entre os pólos.

Um bom exemplo de descrição da ação conjunta dos Princípios de Polaridade e Ritmo foi descrito por S.Y. Agnon, prêmio Nobel de literatura, em seu conto "Ascensão e Queda", que diz que "o lado que sobe até o ponto mais alto vai descendo cada vez mais baixo, e o lado que desce até o ponto mais baixo vai subindo cada vez mais alto".

Até a próxima!

Frater Amduscias

ANKH - USA - SEMB


quinta-feira, 12 de julho de 2007

O Caibalion e o Princípio de Polaridade

“Tudo é Duplo, tudo tem dois pólos. Tudo tem o seu oposto, e os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau. Os extremos se tocam; todas as verdades são meias verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados” - O CAIBALION

Como comentando em postagens anteriores, o Universo onde estamos inseridos é norteado pela constante busca por Equilíbrio. Nada pode estar pendendo: se uma situação chega a um extremo, a tendência natural dos acontecimentos é focar e buscar avidamente o outro oposto.

Tomemos por exemplo novamente a situação do nosso planeta: quanto mais destruirmos, mais sofreremos. São furacões, maremotos, efeito estufa, degelo das calotas polares, para ser breve. É uma espécie de toma-lá-dá-cá, pois a Terra é um enorme ser vivo que também anseia por este Equilíbrio.

É dito que “Os opostos são idênticos em natureza”. O frio nada mais é do que a ausência de calor, e caso a temperatura fosse diminuída, aquele frio inicial seria quente em comparação a este último. Assim 30ºC é mais frio do que 40ºC, porém 20ºC é consideravelmente mais frio do que 30ºC.

Devemos ter em mente que, quanto mais extrema for uma situação, mais o oposto irá se destacar. Na escuridão total, a chama de uma vela irá se parecer com um farol, ao passo que à luz do Sol do meio-dia, poderia passar despercebida.

“Todas as verdades são apenas meias-verdades”. A nossa realidade é tão mutável quanto a oscilação entre dois opostos. Vejamos o caso de uma árvore que, no frio outonal, perde suas folhas e torna-se desnuda: esta é a sua realidade para aquele momento, porém isso é tão verdadeiro quanto a mesma árvore que, na primavera, está viçosa e cheia de frutos. Ao término do ciclo, veremos que a árvore se prepara para retornar ao estado letárgico do frio, e assim veremos que os extremos se tocam.

O mesmo fenômeno ocorre em relação a sentimentos como o Amor e o Ódio. Quantas vezes não sentimos repulsa inicial por alguém que, tempos mais tarde, viria a se tornar um grande amigo?

O Buscador que conhece e compreende este Preceito Hermético é capaz de mudar a sua vida e a dos que convivem com ele, transmutando a energia que o permeia. Um dos homens mais sábios que conheço disse: “não importa qual é o tipo de energia que está sendo lançada sobre você, mas sim o que você será capaz de fazer em esta energia”.

Devemos procurar ser senhores de nós mesmos, e não deixar que nossas vidas oscilem entre os opostos como se fossem barcos à deriva.

Um abraço e até a próxima!

Frater Amduscias

ANKH – USA – SEMB

domingo, 8 de julho de 2007

O Caibalion e o Princípio de Vibração

"Nada está parado, tudo se move; tudo vibra. " - O CAIBALION.

Este Princípio nos explica que no Universo tudo está em constante movimento. Fato que a ciência moderna vem a cada dia atestar com firmeza crescente, já era do conhecimento de Sábios e Mestres há milhares de anos.

Desde o Todo até a mais grosseira manifestação material, tudo está vibrando. A vibração do Espírito é tão elevada que este parece estar parado, como uma roda em alta velocidade que parece estar parada. No outro extremo da escala, temos as formas mais grosseiras de matéria, que vibram em uma velocidade tão baixa que também aparentam estar paradas.

Imagem: o som é produzido quando alguma coisa faz o ar se mover. Esse movimento chama-se vibração. Quando as moléculas de ar vibram, elas batem umas contra as outras, fazendo com que as vibrações se espalhem pelo ar sob a forma de ondas, produzindo o som.

As ondas sonoras são invisíveis, mas podemos provar sua existência colocando um diapasão na água. As ondas sonoras fazem a água movimentar-se e respingar.

Obter o domínio do conhecimento sobre o Princípio de Vibração é uma chave de poder inimaginável. Quando aprendemos a vibrar na freqüência desejada, podemos obter praticamente qualquer coisa - e este fato vem sustentar a eficácia do uso correto da Lei da Atração. Criando listas com seus desejos, mentalizando, imaginando-se com o desejo realizado, o que você está fazendo? Você está buscando a vibração na freqüência desejada para que seu desejo se concretize!

Controlar as vibrações que emitimos é de suma importância. Quando sabemos o que queremos, mantemos a organização dos nosso pensamentos, mantemos o foco. Se almejamos apenas o material, vibraremos naquela freqüência e em nosso íntimo brotará um sentimento de falta. Afinal, se nosso corpo precisa de alimento, assim também acontece com o nosso espírito! Sim, somos criaturas únicas na Criação, o elo entre a matéria e o espiritual; portanto devemos nutrir ambas as naturezas, sempre almejando vibrações positivas e elevadas. O material não deve ser utilizado para suprimir os anseios do espiritual, mas sim para dar-lhe condições de ascender cada vez mais suas vibrações. Vibrações negativas (baixas) anulam as positivas (elevadas), pois - com + é igual a -.

Eis porque a elevação espiritual é tão difícil de ser conseguida e mantida! Vivemos em um mundo norteado pelo material, e tendemos a nos deixar contaminar pelas vibrações que nos são impostas pelos meios de comunicação, pelas pessoas que nos cercam, em nosso dia-a-dia.
A ignorância ainda é o pior inimigo do homem. Não há nada de errado em almejar o material, porém jamais podemos nos esquecer do Pão do Espírito.

Até a próxima!

Frater Amduscias


ANKH - USA - SEMB

O Caibalion e o Princípio de Correspondência

"O que está acima é como o que está abaixo, e o que está abaixo é como o que está acima." - O CAIBALION -

Na postagem anterior, utilizei este Princípio para justificar o funcionamento da Lei da Atração através do Mentalismo.

O Princípio de Correspondência visa explicar que tudo o que está inserido no Todo está submetido às mesmas Leis Imutáveis, desde as menores partículas até, como vimos, o próprio Universo em que vivemos. Isso, é claro, inclui nós, seres humanos.

Este é, sem sombra de dúvida, um dos mais importantes instrumentos dos quais podemos fazer uso. Podemos utilizá-lo como uma máxima infalível para especular resultados, ampliando em muitas vezes a nossa visão de determinadas situações. Vejamos um exemplo:

Qualquer ser vivo, quando tirado do seu habitat ou exposto a condições extremas para sua condição, tende a entrar em desespero, procurando a todo custo voltar à situação que lhe é cômoda. Além de instinto que auto-preservação, pode ser encarado como uma tendência a buscar equilíbrio. Encaremos, agora, esta situação em um plano maior, como a situação do nosso planeta - que também é um ser vivo. Nós o estamos destruindo, poluindo, apenas para sustentar nossos caprichos e devaneios de grandeza. A resposta tem sido cada vez mais clara: o desequilíbrio que estamos causando gera neste enorme ser vivente o desejo de busca por equilíbrio; estamos despertando na Terra o instinto de auto-preservação, por conta da dor que lhe causamos.

Outro exemplo é o da alquimia: os praticantes desta Arte apenas repetem em laboratório e em menor escala, os fenômenos que através dos anos observaram na própria Natureza. São muitos casos, como a própria cerveja que, acredita-se, foi descoberta quando a água da chuva infiltrou-se em estoques de grãos, o líquido fermentou e alguém muito corajoso bebeu aquilo (e gostou). Depois de observado, foi só reproduzir na escala desejada o que aconteceu de forma natural.

Imagem: a Medida Áurea, obtida através da divisão de qualquer número da Seqüência de Fibonacci, pelo seu anterior.

Este princípio hermético tem sua infalibilidade atestada por um código sutil, impresso no próprio mundo que nos cerca: flores com os ângulos perfeitos de um pentagrama (símbolo máximo da Medida Áurea, que pode ser encontrada em todo nosso corpo e por todo o Universo), as espirais de algumas conchas iguais às dos desenhos formados por certas galáxias etc. São apenas alguns exemplos de como podemos comparar as similaridades do microcosmo (o "abaixo", a terra) com o macrocosmo (o "acima", ou "céu") através da Geometria Sagrada.Eis o porque de determinados símbolos acompanharem a humanidade desde os seus primórdios, representando o que há de mais sagrado no Universo.

No próximo post vou abordar o terceiro Princípio Hermético: a Vibração.

Um abraço e até mais!

Frater Amduscias

ANKH - USA - SEMB

sexta-feira, 6 de julho de 2007

O Caibalion e o Princípio do Mentalismo

"O Todo é MENTE; o Universo é Mental." - O CAIBALION -

O Todo é aquilo que conhecemos como Universo. É a matéria, energia, leis naturais, fenômenos etc, tudo aquilo que conseguimos distinguir com os nossos sentidos e inteligência. É uma espécie de Mente Infinita e Universal, na qual estamos mergulhados. Ou seja, todo o mundo fenomenal (Universo) e inclusive nós mesmos, somos criações mentais, filhos do Todo.

Levemos em consideração a seguinte afirmação:
"O que está acima é como o que está abaixo, e o que está abaixo é como o que está acima." - O CAIBALION -

Partindo desta premissa, poderíamos dizer que, de forma semelhante, o Universo também é capaz de operar de acordo com nossa intenção, ou Vontade. O mundo em que vivemos não é nada mais do que um reflexo dos nossos anseios mentais! Trocando em miúdos, a sua vida é aquilo que você mentaliza: todos seus desejos são filhos potenciais que, se forem bem cuidados, "nascerão" fortes e saudáveis.

O Princípio Hermético do Mentalismo dá a primeira idéia de como funciona a Lei da Atração: ela começa em uma definição de ideal para as nossas vidas. Ora, se não gosto do meu trabalho, o que eu quero? Analisado ao pé da letra, é um exercício tão simples que passa despercebido pela maioria de nós!

A Lei da Atração começa na identificação daquilo que não quero em minha vida, transformando (transmutando) estas em idéias de coisas que quero.

Até a próxima!

Frater Amduscias

ANKH - USA - SEMB

Os Princípios Herméticos do Caibalion

"São sete os Princípios da Verdade; aquele que os compreende em seu íntimo possui a Chave com a qual todas as Portas do Templo podem ser completamente abertas." − O CAIBALION−

Falei sobre os tais Princípios Herméticos, pensei em outra forma de explicar, mas não adianta: a melhor coisa é beber da fonte, e aqui vamos nós.

Como foi explicado em uma postagem anterior, a Lei da Atração está incluída (embora abrangendo mais de um dos Princípios) no Caibalion. Ao longo deste pacote de textos, pretendo clarear esta afirmação, dando ao leitor uma visão mais abrangente d'O Segredo.

Na internet há inúmeros sites que se prontificam a explicar e desmistificar esta obra. Porém, como é dito acima, não adianta forçar a fechadura se você não tem a Chave: aquele que não é Iniciado ou que ainda não possui uma noção mínima acerca das Leis do Universo, permanece como um cão que persegue a própria cauda.

Aqueles que desejarem receber uma cópia em PDF do Caibalion podem me contatar através do meu e-mail, amduscias@gmail.com.

Até mais!

Frater Amduscias

ANKH - USA - SEMB

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Alinhando Corpo & Mente

Tá estressado? Vai meditar!

Você que está lendo esse texto não faz idéia do quanto eu ODEIO sequer pensar em dar uma de Buda. Tenho Sol em Áries e ascendente em Gêmeos, meu corpo é inquieto (tique nervoso é fichinha) e a mente também (hã? O quê?). É como tentar amarrar um cachorro louco.

Depois de alguns meses penando, aprendi alguns pontos muito importantes que me levaram a uma outra visão sobre a prática da meditação.

1 - Deixe os pensamentos fluirem.
Tentar esvaziar a mente logo no início é praticamente impossível para iniciantes. Ao contrário, deixe seus pensamentos passearem à vontade. Eles servirão de âncora inicial, e a partir dali a sua mente se sentirá segura para não pensar em nada, esvaziando-se sem qualquer esforço consciente.

2 - Eduque sua mente: mantenha o foco.
Quando você está executando um serviço, lavando louça, pintando, ouvindo música, indo trabalhar, mantenha o foco. Melhor: torne-se o foco. Execute cada movimento com precisão, dê sempre o seu melhor, como se fosse a última vez que você está fazendo aquilo. Mas lembre-se: faça por você, e por mais ninguém.

Ensine sua mente a observar as coisas com positivismo! "Lavo a louça para devolver-lhe a limpeza original, para não comer em pratos sujos. Pinto por prazer, aprimoro minha técnica e crio beleza. A música entra em meus ouvidos e percorre meu corpo, alinhando-me à sua vibração. Trabalho, pois isso me rende o dinheiro que me proporciona qualidade de vida".

Manter o foco é uma espécie de meditação. Quando você mantém o foco, sua mente e seu corpo tendem a se tornar uma coisa só, e o resultado desse casamento é a perfeição.

3 - Medite!
Eis algumas sugestões para a meditação propriamente dita. Ok, dou o braço a torcer: a coisa funciona.

• Respire de forma compassada. Inicialmente, 4 segundos para puxar e 4 para soltar o alento. Depois, você pode mudar conforme seu desejo.

• Sente-se de forma confortável, mas não deite e evite posturas que possam levar ao sono. Pode ser numa cadeira com encosto, costas eretas, sem cruzar as pernas, ou mesmo sentando-se no chão em meio-lótus (quase igual ao Buda).

• Não deixe que nada lhe atrapalhe. Desligue celular, TV, telefone, aprenda a separar-se do mundo.

• Crie seu clima preferido para o momento: incenso, música/silêncio, luz/escuridão etc.

Lembre-se de que o Universo é regido por uma Lei maior: a constante busca por equilíbrio. Buscar o equilíbrio interno através da meditação é estar sintonizando esta Lei!

Um abraço,

Frater Amduscias

ANKH - USA - SEMB

Agradecimento ao Frater Goya, que me ensinou o valor da meditação, e de quem roubei parte deste texto ;)

terça-feira, 3 de julho de 2007

O Segredo do Segredo

Você certamente já deve ter ouvido falar a respeito d'O Segredo. Filme que deixa você com a pulga atrás da orelha, livro bestseller, gente que usou e funcionou e todo aquele papo-furado. A maioria das pessoas que lê ou assiste algo desse tipo se pergunta "será que funciona mesmo?"

Em primeiro lugar, devemos atentar para o fato de que todos nós estamos atrás de uma grande guinada na vida. Quem não quer melhorar de vida é monge (e olhe lá) ou louco. Para os primeiros casos, as ferramentas de auto-ajuda sempre existiram aos montes e bem... elas funcionam, basta saber utilizá-las - mas é aí que a coisa complica.

Assistindo ao Segredo percebi, logo na vinheta de abertura, que aparece um homem fazendo rapidamente uma cópia de uma tabuleta esverdeada - alusão à Tábua de Esmeralda, de Hermes Trismegistus. É uma breve coletânea hermética de verdade universais, das quais a "Lei da Atração" faz parte.

Acontece que nesta coletânea todas as Leis são de suma importância, pois visam um equilíbrio. Tomar descaradamente apenas uma que seja de interesse geral (atração daquilo que desejamos, para resumir) é tão insano quanto tentar construir uma casa sem telhado ou sem paredes!

Aí, claro, teremos centenas de pessoas dizendo "grande porcaria que não funciona". O povo procura a solução do dia para a noite, mas esta não existe. Pode ser que sua vida seja uma maravilha, e que a "Lei da Atração" seja tudo o que você precisa aprender para conseguir o seu equilíbrio e plim! O Segredo funciona - pena que este seja um caso em cem (sendo otimista).

A grande maioria do povo tem suas vidas viradas de pernas para o ar, e sua atenção está única e exclusivamente voltada para o material. Lá no fundo as pessoas sentem que lhes falta algo, porém insistem em suprir essa falta na base da ganância irracional.

Alguns conhecidos me contam: "vi o filme, li o livro e tentei executar as dicas d'O Segredo inúmeras vezes, mas nada funcionou!". Muitas vezes a única coisa que lhes falta para a "Lei da Atração" funcionar é acalmar o coração e os pensamentos. O que, meditar? Sim, e este é um novo Segredo que ajudará o Segredo a funcionar. Também estudar as próprias fraquezas, observá-las, anulá-las; compreender suas virtudes, o que faz com que as pessoas se aproximem - outro Segredo do Segredo. Buscar sinceramente a Verdade que habita em seu coração - mais um Segredo... e por aí vai.

Alguém tem lhe ensinado os outros Segredos? Não, claro. Eles não vendem tão bem, afinal gritar aos quatro ventos o quanto é fácil conseguir o que se deseja é um ótimo marketing. O problema é que assim, nós temos a atenção voltada para apenas uma das facetas do dado.

Compreender estes Segredos nos leva ao Real Entendimento. O Espírito digere o aprendizado, e ele se torna parte de nós, como uma habilidade que foi dominada. Quem deseja dominar a "Lei da Atração" precisa do treinamento adequado e não de promessas vazias.

Vou procurar falar dos outros "Segredos" nas próximas postagens (retomando!) e quem sabe assim, meio que no anonimato, não consiga auxiliar o livro de Rhonda Byrne a fazer mais sentido para algumas pessoas.

Finalizando, deixo a lição da Chave XV do Tarot, cujo nome é "O Diabo": pode-se ter tudo o que quiser, e esta é justamente a parte mais simples. Difícil mesmo é manter o que se conseguiu - afinal, tudo tem um preço. Será que você consegue pagá-lo?

Um abraço e até mais!

Frater Amduscias

ANKH - USA - SEMB

terça-feira, 9 de maio de 2006

A Chave da Arte

Acredito que um magista deva desenvolver certas aptidões, ainda que em menor grau. Entre elas, certamente podemos contar as capacidades de observação e de ação na hora certa. Aliás, um Buscador é mais do que um cientista: ele também é um ARTISTA. Mas, qual é sua Arte?


Visita Interiora Terrae: Rectificando Invennies Occultum Lapidem.
Esta é uma das frases mais conhecidas dos ocultistas ocidentais, sendo também o VITRIOL dos alquimistas. Segundo os entendidos do assunto, nesta frase existe um grande segredo. Mas, como acredito que os segredos são o piores inimigos da Verdade, vamos tentar extrair e expor da melhor forma possível tudo aquilo que esta frase compreende.

Visita o Interior da Terra: Retificando Encontrarás a Pedra Oculta - eis a tradução (simplificada) do VITRIOL. Vamos quebrá-la em duas partes:

1) Visita o Interior da Terra - visitar algum lugar não é ver fotos, não é ouvir falar nem imaginar como seria: é estar lá. Estar é presença física, é vivenciar aqui e agora, possibilitando depois tirarmos as nossas próprias conclusões.

O interior é a parte mais central de alguma coisa ou algum lugar; é o centro ou miolo. E o interior da Terra, neste caso, não é o núcleo do nosso Planeta: é uma referência ao íntimo deste plano (o material, Malkuth).

Visitar o Interior da Terra é conhecer intimamente o funcionamento do mundo em que vivemos, através da interação e experimentação... ou melhor ainda: do Trabalho. Trabalho?

2) Retificando Encontrarás a Pedra Oculta - Retificar é arrumar, melhorar, ajeitar. Quando temos ciência de uma situação (por exemplo), podemos melhorá-la (em nossas ações) até que esteja próxima da perfeição. Isso contribui para a nossa percepção, que também se torna mais efetiva em relação à dita situação. Portanto, quanto mais vezes vivenciarmos uma situação, maior será nosso know-how acerca dela.

Isso pode soar bastante óbvio... mas o buscador, sabendo disso, esforça-se para atingir um mínimo de compreensão e maestria em todos os aspectos da sua vida. Ele esforça-se para resolver cada situação da melhor maneira possível, não perdendo nenhuma oportunidade de aprendizado e, claro, engrandecimento.

O mundo que o permeia torna-se cada vez mais límpido, e o buscador deixa de ser um cego - pois agora ele começa a compreender as regras do jogo. Ele passa a conhecer a si mesmo, encontrando-se cada vez mais com sua Verdade.

Com o tempo e a prática, este buscador torna-se um cientista Divino, um Artista*. O mundo para ele já não guarda mais segredos, pois ele agora possui um link direto com a sua parte mais sublime. Ele próprio se transformou na Pedra dos Filósofos, que antes jazia escondida em uma casca de ignorância, longe da Luz.

Já vi imagens de cunho maçônico onde um trabalhador segura um cinzel e martelo, diante de um enorme bloco de pedra. Este é o símbolo do trabalho árduo que aguarda qualquer um que queira encontrar tal tesouro dentro de si.

Lembremo-nos portanto, do que nos recomendam os Sábios: ORA ET LABORA!


Em Vida, Prosperidade e Saúde,

Frater Amduscias

* Eis porquê o nome da 14ª Chave do Tarot é denominada "A ARTE": trata-se de uma alusão à busca e entendimento de nossas próprias Verdades. Sinônimo de trabalho árduo, em uma jogada de Tarot esta carta é temida pelo cego e pelo ignorante, mas é recebida com alegria pelo Sábio.

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo...

Lembro-me de meus tempos de moleque, quando estudava num colégio de padres. Todos os dias, antes da aula, o sistema de alto-falantes recitava um enfadonho "Pai-Nosso", que era precedido pelo "Sinal da Cruz" católico.

Sempre feito de forma tão automática, aquele gesto que vinha antes da oração (ou chateação) diária nunca aparentou ter nenhum grande significado para mim (nem para qualquer um dos outros alunos, creio). Era algo recitado quase que roboticamente: "...enomedopaidofiodospritossanto, amén".

Mas então, o que cargas d'água significa - ou simboliza - a Santíssima Trindade? É isso que tentarei explicar logo abaixo.

Atenção: para os críticos de plantão, fica o aviso de que os ensaios aqui postados são a minha visão sobre os temas abordados, não necessariamente tratando acerca das "verdades" proferidas por qualquer grupo ou religião.

A Santíssima Trindade - ou Pai, Filho e Espírito Santo - é definida pela Igreja Católica como as três facetas de Deus, não como entidades separadas, mas sim como uma unidade. Esta definição é perfeitamente correta, se levarmos em conta a sua natureza.

Para entender melhor essa questão (da natureza), cada uma das facetas deve ser observada isoladamente, para ao final ser possível compor e compreender o que realmente significam.

O Pai, Senhor Todo-Poderoso, ou Deus, ou ainda aquela figura barbuda e cabeluda (que mais parece um hippie sessentão sentado numa nuvem), é o responsável pelo fazer acontecer.

Não está escrito na Bíblia cristã "...bate e te será aberto..."? Pois é. O "velhão" aí de cima é o cara que atende a porta. Em termos "misticóides", o Pai é o Universo, ou seja: o juiz do campo onde jogamos o jogo da vida. Se conhecemos as regras e jogamos direito, a coisa flui, o "Universo conspira ao nosso favor" (caramba, odeio essa frase!).

Na verdade, o Pai é o responsável pelo tal do karma: ele garante que colhamos aquilo que plantamos, e nada mais (vide o meu post anterior). Este fluxo de ida-e-volta também é conhecido como Arcos de Retorno.

O Espírito Santo é provavelmente a figura mais mal-interpretada do panteão cristão. Para alguns é um boost divino que faz as pessoas falarem em línguas e operar milagres, para outros é uma pomba branca, e por aí vai. Já ouvi diversas definições acerca do Espírito Santo, mas nenhuma me soou convincente. O que mais chega perto daquilo que considero "correto" é a visão do ES como sendo um elo entre o Homem e Deus.

Atuando como um mensageiro ou porta-voz, o Espírito Santo é o responsável por levar ao Pai os nossos anseios. Estes anseios podem ser em "pensamentos, palavras e ações", e estão diretamente ligados ao conceito cristão de pecado.

Quando "pecamos" não estamos fazendo contra Deus, mas sim contra nós mesmos. Ou seja, uma ação errada resulta numa reação indesejada. Ficou complicado? Bem, a coisa é simples: lei de ação e reação - pura física. Como falei anteriormente, Deus apenas garante que colhamos o que plantamos.

Uma oração, um desentendimento com o vizinho, um desejo íntimo - tudo envolve o Espírito Santo. Claro que toda reação depende da intensidade e do direcionamento da ação - assim, não é porque você acha gostosa a namorada do seu amigo, que será punido. Mas, continue tarando a boazuda, espalhe entre seus conhecidos a sua opinião, ou mesmo deixe ela perceber - e aí a sua reação virá, com certeza, na forma de um punho cerrado.

Este é o princípio mais utilizado pelos inúmeros PhD's que escrevem inúmeros livros de auto-ajuda, dizendo que "você é aquilo que idealiza", e ensinam seus desesperados leitores a acordar pela manhã, olhar-se no espelho e, com a cara toda amarrotada, dizer "sou um vencedor".

Lembremos que tudo isso são idealizações, por enquanto tudo acontece num estágio mental e mais parece um plano mirabolante para tentar entender os desígnios de Deus.

Mas, aí é que está: faça o que diz o Mr. PhD em seu livro de auto-ajuda, ou mesmo se preferir, todo dia antes de deitar-se, ore fervorosamente e peça ao Pai que lhe conceda as graças que tanto deseja - e o resultado certamente virá. Besteira? Bem, eis a receita de sucesso de vendas no campo da auto-ajuda; eis o segredo do sucesso do evangelho da prosperidade. Ambos os lados utilizam o mesmo princípio que eu, como bom ocultista que sou, chamo de mágicko.

É nesta fase de resultados que temos o Filho, ou Verbo feito carne. O Filho é o próprio resultado feito matéria; é o nosso desejo realizado.

Obviamente, a coisa não é tão simples assim. Na grande maioria das vezes, o Filho não é aquilo que idealizamos. Mas, por quê?

Existe um fator - que geralmente é omitido pelo Mr. PhD ou desconhecido do líder religioso - que gosto de chamar de direcionamento da Vontade. Este fator até chega a ser abordado por profissionais da auto-ajuda como atitude mental incorreta, ou ainda pelo outro lado como a vontade de um deus que "escreve certo por linhas tortas", embora ainda assim esta abordagem seja extremamente vaga.

Todos nós carregamos uma certa bagagem kármica diária (sei que devo ter cuidado em empregar esta palavra e, aqui, ela significa apenas aquilo que está atrelado ao nosso corpo físico nesta vida). São as atitudes que tomamos no dia-a-dia, e vão ficando guardadas numa poupança cósmica.

Quando tomamos a mesma atitude continuamente, isso gera uma soma (egrégora) que se transforma num Filho - muitas vezes, um Filho que não foi desejado! (Lembre-se de que, para o Universo, seu desejo é uma ordem...). Ainda abordarei em novos posts estes tópicos como egrégoras e direcionamento da Vontade, mas não vou mais me estender neste.

Frater Amduscias

ANKh • USA • SEMB

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

Desprendimento: O Segredo da Vontade

É fato que não podemos doar aquilo que não temos.

Mas, se temos uma mísera migalha, é possível repartí-la e fazer mais. Assim se dá o milagre da multiplicação; assim o Alquimista faz Ouro. Ora, uma semente pode gerar uma nova planta e esta, por sua vez, gera dezenas de novas sementes.

Se nos focarmos em construir uma matriz, poderemos gerar o que quer que seja, quantas vezes sejam necessárias. Eis o mais difícil: fazer pela primeira vez.

Aquele que realmente possui (este conhecimento do "fazer") não reclama da sorte. Conheço muitas pessoas que vivem cheias de rancor (e mesmo tristeza) dizendo, cabisbaixas: "já tive, mas o Mal se abateu sobre mim e tudo me foi tirado", "Deus dá, e Deus tira", ou ainda "não entendo por que todo meu esforço não é recompensado".

O homem sábio entende que há época de semeadura, e época de colheita. Eis o único papel da Divina Providência: garantir que colhamos somente aquilo que semeamos.

Assim, e somente assim, é possível participar de toda riqueza do Universo, em todos os seus aspectos. Nunca tirando, sempre distribuindo.

Eis a semente que fará as rosas florescerem em nossa cruz.

Em Ágape,

Frater Amduscias

ANKH • USA • SEMB

quinta-feira, 28 de julho de 2005

Um Mergulho no Mar Interior - O Salto

É muito interessante observarmos as mudanças que a prática da Magia pode acarretar em um estudante (magista). Porém, antes de mais nada, vou explicar brevemente o que eu entendo como sendo Magia.

Para os que desconhecem a verdadeira natureza da Arte, mais uma vez postulamos aqui o seu significado: "Magia é a Arte de provocar mudanças de acordo com a Vontade". Ou seja, a Magia pode inclusive ser encarada como uma extensão do livre-arbítrio.

Para os céticos, poderia descrever a Magia como uma poderosa ferramenta de auto-domínio. As alegorias empregadas agradam não à mente consciente, mas sim ao inconsciente - que passa a "ruminar" o objetivo e, de forma quase que miraculosa, trata de torná-lo realidade. Esta é uma idéia bastante plausível até do ponto de vista já comprovado da PNL... mas, ainda não é tudo. Existe uma contraparte espiritual que jamais deve ser esquecida. É o Fogo Interior, a centelha divina que faz tudo acontecer. A Magia sem envolvimento espiritual é como um homem sem alma.

Para os fervorosos, aviso que Magia não se resume apenas a um panteão de criaturas espirituais que agem sobre nós humanos. Afirmar isso seria o mesmo que nos colocarmos na situação de meros bonecos; de peões controlados por forças ocultas. Logo, Magia deve ser também mental, ou melhor: um trabalho perfeito de corpo, mente e espírito.

Cada magista tem uma visão pessoal que oscila dentro destes extremos. O único consenso abrangente é que o verdadeiro magista sabe o que está fazendo aqui, e busca fazer da forma mais correta possível - é o que chamamos de Reto Caminhar.

Aquele que se lança em busca da sua Verdade, da sua Vontade, pode ser comparado a alguém que se atira de um penhasco, em direção ao mar*. Esse buscador deixou para trás uma visão de mundo pré-definida, para procurar por respostas dentro de si mesmo.

Quando estamos no mar, num lugar diferente do que estamos acostumados, devemos gastar algum tempo a fim de conhecer as Leis que lá vigoram. Pessoalmente, comparo este período com o tempo que o magista leva para equilibrar-se no plano material.

Na verdade, as Leis já nos eram familiares. As regras são as mesmas que regem o mundo lá fora - onde sempre fizemos questão de fechar os olhos... por causa da nossa criação, por causa do que nos foi imposto - sejá lá qual for o motivo, agora nos sentimos deslumbrados e enganados ao mesmo tempo.

Frater Amduscias

ANKH - USA - SEMB

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* É muito comum termos a idéia de mar atrelada ao subconsciente. Quando num sonho, por exemplo, vemos a água límpida e translúcida, é sinal de que estamos em conformidade com nosso Reto Caminhar, em direção à nossa Vontade.

Quando a água está turva, não estamos conseguindo nos adequar aos anseios da nossa Verdade Interior. É como a história do cobrador de impostos Saulo que, por conta de escamas em seus olhos, perde a visão até que aceita seu destino, e muda seu nome (ou motto?) para Paulo - passando a ser um dos maiores pregadores cristãos.

Água turbulenta é sinônimo de conflitos interiores. Quando nos deparamos com situações estranhas e muitas vezes até desprezíveis para nossos padrões, tendemos a não aceitar muito facilmente. Por mais que saibamos que determinada ação deva ser tomada, relutamos. Este tipo de conflito pode ser ilustrado pela diferença entre vontade e Verdadeira Vontade.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

O Mapa da Consciência: Introdução

O Mapa da Consciência: Uma Interpretação Pessoal do Codex 13*

* Esta é uma interpretação pessoal do Codex 13, escrito por Frater Goya, e disponível no site do Círculo Iniciático de Hermes (www.rosacruz.com.br). Aqui disponibilizei apenas a introdução do trabalho, e em breve o material completo estará à disposição dos interessados no mesmo site acima mencionado.


Introdução

Durante a jornada mágicka, o Adepto encontrará muitos desafios. Como exposto no Codex 13, tais desafios / dificuldades – ou ordálios – são parte integrante da jornada, uma vez que é impossível o aprendizado real desvinculado da experiência física.

O dito popular sabiamente rotula “as trevas da ignorância”. Ora, se ignorância são trevas, o aprendizado real* certamente é a luz que devemos buscar para nossa elevação.

* Devo salientar que aquilo que nomeio aprendizado real é o conhecimento e entendimento das Leis Universais, aquelas imutáveis, às quais estamos todos, invariavelmente, subjugados.

Ao Homem foi permitido aquilo que nem aos Anjos foi permitido; e só isto já basta para que tenhamos uma pequena noção de nossa capacidade. Somos capazes de aprender, experimentando no grosseiro (matéria) e transferindo esta experiência ao sutil (espírito).

Cientes desta capacidade, algumas tradições passaram a ordenar esta caminhada em direção ao real aprendizado (LUX) e, ao longo dos anos, esta ordenação foi, conseqüentemente, sendo melhorada e aprimorada por aqueles que trilhavam o caminho dos sábios.

Estes mapas, elaborados ao longo da existência do Homem, acabaram tomando os mais diversos rumos e formas: muitos se transformaram em religiões ou alegorias, e perderam os seus significados reais tornando-se vazios, destituídos daquilo que outrora fora um valioso conteúdo.

Aqueles que ainda conduziam a algum lugar, logo foram criando ramificações. Algumas delas (ramificações), por exemplo, ainda possuem algo do seu conceito original, porém foram abreviadas, e agora já não é mais possível saber o que havia antes de tais compilações. Outras tradições preferiram guardar seu conhecimento – fosse completo, abreviado, ou ainda pior, incompleto –, às sete chaves, longe de olhares curiosos.

Finalmente, e mais sabiamente, outros preferiram guardar todos os segredos do Universo de forma simples, prática, acessível e, por que não dizer, alegre: é o caso do Tarot. Para o tolo, um mero jogo de cartas; para o sábio, o mais poderoso instrumento mágicko já desenvolvido, a perfeita representação pictórica do Universo.

Muito ainda deverá ser retificado, ao longo dos anos, ao longo da Jornada, enquanto o aprendizado real continuar a verter de sua fonte perene. Que me seja permitida esta honra, ou que aquele que o fizer, saiba fazê-lo com maestria.

Que veja aquele que tem olhos para ver; que ouça aquele que tem ouvidos para ouvir.


ANKh • USA • SEMB


Frater Amduscias

Blumenau, 13 de Fevereiro de 2005 • Dies Solis • 19:15h
Sol in Aquarius • Luna in Taurus

quarta-feira, 19 de janeiro de 2005

A Grande Escola da Vida

"Lembra-te sempre de que só vieste ao mundo, e só dele também partirás".

Todos nós enfrentamos revezes durante nosso percurso aqui neste mundo. A provação não se restringe apenas à alguns: mesmo os mais abastados, os que aparentam ser mais fortes ou até "imbatíveis", também enfrentam dificuldades. Mas, porque estas pessoas parecem não ser afetadas pelas dificuldades? De onde tiram energia e disposição para vencer os desafios da vida?

O segredo está na forma como encaram o Mundo. Um grande amigo me disse certa vez: "Existem dois tipo de pessoas: as que fazem poeira, e as que comem poeira. Qual delas é você?".
O Mundo é um lugar belo, cheio de maravilhas, é a 'escola do Espírito'. Em tese, aqui tudo podemos, aqui nossos desejos podem se tornar realidade.

Então, por que sofremos? Por que são tantas as adversidades que enfrentamos? Por que os sonhos da grande maioria não se tornam realidade?

É pura ilusão acreditar existam pessoas que não sofrem. Todos sofremos, e assim será sempre, até o fim dos nossos dias. O grande problema é que na maioria das vezes nos colocamos na posição de vítimas das circunstâncias. Isso, via de regra, é um dos primeiros desafios que devemos vencer a fim de obter o mínimo preparo, para que possamos encarar o Mundo de frente.

Aliás, a palavra sofrimento já é usada no ocidente com uma certa entonação vitimista. Que tal mudarmos um pouco esta visão? Peguemos o parágrafo imediatemente acima, e troquemos a palavra SOFRER por APRENDER. Fica mais ou menos assim:

"É pura ilusão acreditar existam pessoas que não aprendem. Todos aprendemos, e assim será sempre, até o fim dos nossos dias..."

O aprendizado está atrelado ao sofrimento, e vice-versa. Ninguém aprende sem se doar, e ninguém sofre de graça. Sofrimento é aprendizado.

A este ponto, alguns diriam: "Minha nossa, então passei a vida toda aprendendo...!". Para estes, eu pergunto: quem tem melhor aproveitamento e não reprova: um aluno aplicado estudioso, ou um aluno desatento, bagunceiro e preguiçoso? A resposta é óbvia e imediata.

Da mesma forma devemos encarar o Mundo. Afinal, não podemos nos esquecer de que o Mundo é a grande escola da Vida. Alguns alunos tem maior facilidade em aprender, outros, sequer precisam estudar. Casos excepcionais à parte, a grande maioria é normal e precisa estudar, precisa de dedicação, e não é excelente em todas as matérias (por outro lado, TODOS nós também temos nossas facilidades, uma certa desenvoltura em alguma determinada área*).

Assim, tal como alunos preguiçosos vemos as pessoas em lamúria: "não consigo isso, não posso aquilo; ninguém me ajuda, ninguém me ama", ou então, como um aluno disperso, vemos a pessoa que leva uma vida no estilo dia-após-dia, sem qualquer preocupação em satisfazer seus anseios, sem buscar valores que norteiem sua existência, em uma rotina viciosa que nada acrescentará exceto vazio. Ainda podemos citar aqueles que vivem em uma eterna boemia, entregando-se a uma existência pobre e sem sentido, onde tudo é festa e brincadeira, nada é sério.

É importante salientar que ainda existe um tipo que aparentemente é o ideal, mas na prática mostra-se tão ruim quanto, ou quem sabe até pior do que os modelos descritos acima: é chato, o CDF, aquele que estuda tanto que não vive; aquele de quem até o professor foge. Este tipo é aspectado no Mundo pelo fanatismo, extremismo, sectarismo e tantos outros "ismos" que estão presentes na política, religião ou na convivência social (racismo, por exemplo).

O chato não respeita os demais como indivíduos; a sua palavra é verdade absoluta e os que não comungam da sua visão são considerados párias. Considera-se melhor do que a maioria pelo simples fato de decorar a matéria. O problema é que ele não a entende, e jamais poderá utilizá-la de forma prática no seu dia-a-dia, pois o seu ego está tão inflado que lhe cai por cima dos olhos e obstrui a sua visão.

Lembremo-nos, portanto, do caminho do equilíbrio: é só este, e apenas este que nos trará a aprovação final. Na Grande Escola da Vida, nossas notas são medidas pelo retorno que nossas ações geram, e o aprendizado é garantido pelo melhor de todos os mestres: o Infinito.

*Mais a respeito é explicado no meu post anterior: Magia & Perseverança: um Vôo para o Horizonte.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

Magia e Perseverança: Um Vôo para o Horizonte

"O Adepto que trilha a Senda caminha sobre o fio de uma navalha."

Não pode precipitar-se a passos largos, pois o menor descuido é fatal. Igualmente, não pode caminhar de volta, uma vez que retroceder é loucura, e olhar para trás, impossível.

Assim como o curso de um rio, segue em direção ao Mar. E é assim, como um rio, e não como uma enxurrada violenta, que ele esculpe a montanha, em seu curso.

Aqueles que começam a enveredar-se pelos mistérios maiores devem ser capazes de atentar tanto para dentro de si, quanto para o Universo que os cerca. O ponto de equilíbrio é tão sutil quanto dificultoso de ser obtido, e uma das chaves para este é a PERSEVERANÇA.

A perseverança é como uma planta: necessita de atenção e cuidados. Uma bela flor requer água e sol em quantidade exata; minerais e adubos de tempos em tempos; paciência e perseverança. Ora, todos estes processos só podem ser mantidos com dedicação e amor.

Da mesma forma, este processo pode ser observado em relação à Jornada. A cada ano que passa, vemos muitos que começam avidamente, cuidando de seus jardins e gritando aos quatro ventos quão belas serão suas flores. Mas aos poucos seu jardim é tomado pelo mato. As flores sequer estão em botões, e já não recebem mais água ou estão murchas pelo sol em demasia. Isso, quando não são sufocadas pelas ervas daninhas...

Querer ou planejar ter um jardim é simples. Montar jardins à esmo, sem nenhum planejamento é igualmente fácil. No primeiro caso, se não for executada, a idéia morre no projeto. No segundo, extingue-se pela falta de cuidado e dedicação.

Cada um de nós tem facilidades, habilidades, ou dons, que podem ser analisados através dos elementos. Alguns tem mais afinidade com o elemento água; outros, com a terra ou fogo. Em maior ou menor grau, portanto, todos nós enfrentamos dificuldades ao lidar com nossos elementos em carência. O Adepto sabe disso, e ali embasado, busca o equilíbrio.

Pessoas aéreas concebem o mais belo jardim em minutos, mas não saem do projeto; os ígneos, não perdem tempo em iniciar dezenas de jardins ao mesmo tempo, porém nenhum é terminado - e por aí seguem os exemplos.

Quando nos empenhamos em algo com paciência, perseverança e amor, somos capazes de transcender estas carências. Quando aceitamos os erros como parte do aprendizado, e as dificuldades como motivações, o resultado é certo: sucesso. Devemos sempre nos lembrar de que as melhores espadas são forjadas no calor do fogo, sob o peso de centenas de marteladas. Da mesma forma, a vida que não tem dificuldades é uma vida estagnada e sem valor.

Sempre que ouvimos a palavra DOR, lembramos de algo ruim. Mas isso só acontece por causa de uma visão simplista, característica do mundo ocidental. Nos esquecemos de olhar o outro lado da moeda... e assim, não percebemos que o crescimento é dor. Que o nosso professor não são os momentos de felicidade, mas sim os de dificuldade.

É somente através de práticas contínuas (e exaustivas) e da observação interior, que poderemos fazer nossa perseverança ter valor verdadeiro. E assim, através deste proceder, que aparentemente nos acorrenta, é que estaremos caminhando para uma verdadeira liberdade, e alçando vôos cada vez mais altos na direção do horizonte.